Congresso
Brasileiro sobre Síndrome de Down chega ao fim com perspectivas de uma
sociedade mais inclusiva
Foram três dias de debates, discussões e propostas sobre temas
tão diversos quanto os participantes do VI Congresso Brasileiro sobre Síndrome
de Down. O evento, realizado no Centro de Convenções de Olinda, em Pernambuco,
chegou ao fim neste sábado com palestras em total sintonia com o lema adotado
para este ano: "agora é a nossa vez, nada sobre nós sem nós".
Para falar sobre superação de barreiras, a segunda palestra do
dia trouxe um exemplo raro de dedicação e garra: Amanda Ferreira, de 29 anos.
Formada em pedagogia, ela trabalha como técnica social na Superintendência de
Apoio a Pessoa com Deficiência. "Eu custei um pouco a andar, custei um
pouco a me alfabetizar. Eu tive dificuldades na hora de escrever, juntar os
fonemas. Aos poucos, enfrentei tudo isso. Eu tinha um objetivo maior, cursar a
faculdade. Através do otimismo e da crença, consegui ser aprovada em 17º
lugar", comemorou.
Amanda Ferreira: "Eu nunca
desisti dos meus sonhos"
No entanto, o sonho de cursar o Ensino Superior não eliminou as
barreiras na vida de Amanda. Ela foi acolhida por professores e colegas, mas
enfrentou dificuldades na hora de dar início à sua trajetória
profissonal."Eu consegui fazer o estágio na escola pública. Na escola
particular, não me aceitavam, achando que eu era diferente dos outros. As
empresas procuram deficientes para atender à legislação, porém não abrem espaço
para o deficiente intelectual".
Para Amanda Ferreira, a batalha contra o preconceito e a
exclusão ainda está longe do fim. Contudo, ela não se intimida e deixa um
recado para todas as pessoas com síndrome de Down. "Eu consegui derrubar
todas as barreiras. Eu nunca vou desistir dos meus sonhos. Batalhando, a gente
consegue muitas coisas. Estou aqui como exemplo, cheguei onde eu queria
chegar".
Comunicação acessível
A comunicação tem um papel fundamental para assegurar o lugar
das pessoas (com ou sem deficiência) em todos os espaços da sociedade. Por
isso, a mesa seguinte falou sobre conteúdos acessíveis. Laura Landi, psicóloga
do Ateliê Terapêutico, do Rio de Janeiro, atua no Conselho Editorial Acessível
do Movimento Down ajudando os jovens com síndrome de Down que fazem parte do
grupo a transformar suas ideias em uma produção com textos, vídeos e imagens
que possam ser compreendidos por todos. "Respeitamos os assuntos e
interesses propostos por cada um", explicou.
A psicopedagoga Sheina Tabak, que também faz parte do Conselho
Editorial Acessível, falou sobre a elaboração do manual "Cuidados de Saúde
para pessoas com síndrome de Down" e ressaltou que tornar um texto mais
simples não significa que ele seja menos importante. "Apostamos que todo texto
pode ter uma versão acessível em linguagem simples, e essa versão certamente
não será menos séria".
O último dia do evento também contou com palestras sobre pessoas
com síndrome de Down e a previdência social, síndrome da deficiência postural e
alfabetização de jovens e adultos com a trissomia. No encerramento, a
presidente do Congresso, Maria Thereza Antunes, destacou a importância da
participação cada vez maior de pessoas com síndrome de Down no evento.
"Foi um congresso de alto nível. O nosso avanço em relação ao Congresso de
Curitiba, em 2000, foi enorme em relação à participação de pessoas com síndrome
de Down. Acredito que isso vai ser comum daqui para a frente, mas foi um marco
muito importante".
Além da participação em duas palestras, o Movimento Down marcou
presença em um estande do evento, no qual o público pôde conhecer suas áreas de
atuação e se inscrever para receber nosso boletim mensal. O local registrou
filas durante todo o Congresso, com muitos interessados em conferir tudo sobre
as atividades do Movimento.
Fonte: www.movimentodown.org.br
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